Vocação

Um tesouro encontrado




A vocação é um tesouro encontrado, ou melhor, é um presente do próprio Deus para a criatura amada. Sim, Deus nos presenteia de diversas formas e uma delas é o chamado à vida consagrada, um chamado único e especial que brota no silêncio do nosso coração e como uma chama ardente impulsiona o nosso viver.
Ser consagrado é seguir o exemplo do homem, que ao encontrar um tesouro escondido num campo (Mt 13,44), vende tudo o que tem e com grande alegria compra aquele campo; também nós somos convidados a deixar tudo para ir ao encontro daquele que nos ama e nos atrai, Jesus Cristo.
Seguir a Cristo exige de nos um constante deixar tudo para com alegria abraçar o Tudo, abraçar sem medo tudo aquilo que Deus tem preparado para nós, mesmo que não compreendamos ou aceitemos, pois tudo concorre para o bem dos que amam a Deus (Rm 8,28).  
Sigamos a cristo com alegria, deixemos tudo para termos este tesouro que Deus nos dá, não tenha medo de abraçar o chamado de Deus, pois se Ele nos chama, Ele mesmo vai cuidar de nós. Corramos ao encontro deste tesouro e guardemos com todo o zelo este precioso dom da vocação para que possamos dar frutos de santidade no seio da Igreja e que a Virgem Maria, mãe dos consagrados interceda por nós junto ao seu filho Jesus.
   “ Eu encontrei um amor perfeito, um tesouro escondido diante deste altar!”

Santa Clara de Assis, Clara pelo nome e pela virtude.




São Francisco, depois de deixar a casa de seu pai por causa da vida que levava, até então não satisfeito, procurava algo que o podia satisfazer plenamente, mas não conseguiu encontrar alguma coisa, mas Alguém, Cristo. A partir daquele momento a sua alma "era toda sedenta de Cristo" (3 Comp, 68: FF 1482). Entre as pessoas que corriam curiosas e comovidas, tinha uma jovem, que ficou mais encantada pela felicidade que cantava no coração desse jovem de Assis, que abandonou tudo e encontrou a verdadeira paz. Francisco fez brilhar nos olhos desta menina, Clara de Assis, outra luz: a entrega total a Cristo, na pobreza absoluta.
Santa Clara nasceu em Assis, Itália, no ano de 1193, mulher admirável, Clara pelo nome e pela virtude (PCCL.VI, 12, PCCL.III, 28,32), filha de pais honestos (cf. I, 4), provinha da cidade de Assis, de uma família nobre de cavaleiros. Sua família era uma das famílias mais nobres da cidade, o nome de seu pai era Favarone de Offreduccio de Bernardino e sua mãe se chamava Hortolana; em 1212, aos 18 anos de idade, sob os cuidados de Francisco, ela deixou a casa paterna para viver na pobreza e na vida fraterna inteiramente dedicada à contemplação.
Clara, através de Francisco, foi uma mulher conquistada por Cristo, seduzida pela beleza, da sua bela pobreza, da sua santa humildade e da sua inefável caridade (cf. 4CCL 18), e não desejava outra coisa senão unir-se a Cristo pobre e crucificado. E esse amor por Cristo a levava a fazer dele o motivo cotidiano de sua contemplação, até se transformar toda inteira na sua imagem (cf. 2CCL 13), e permitir que na sua vida transparecesse a vida de Cristo “o mais belo entre os filhos dos homens” (cf. 2CCL 20).
Essa menina nasceu para incendiar a vida com a chama do Amor. É profética a conhecida afirmação de Tomas de Celano: “Foi nobre de nascimento e muito mais pela graça. Foi virgem no corpo e puríssima no coração; jovem em idade, mas amadurecida no espírito. Firme na decisão e ardentíssima no amor de Deus. Rica em sabedoria sobressaiu na humildade. Foi Clara de nome, mais clara por sua vida e claríssima em suas virtudes. Sobre ela foi edificada uma estrutura das mais preciosas pérolas, cujo louvor não vem dos homens, mas de Deus. É impossível compreendê-la com nossa estreita inteligência e apresentá-la em pobres palavras”. (1 Cel 8, 18-19).
Foi o seu nome que inspirou o conteúdo maravilhoso da sua Bula de Canonização num trocadilho impressionante. O documento revela que na grandeza de um nome está a sua missão: ”Clara, preclara por seus claros méritos, clareia claramente no céu pela claridade da grande glória. A esta Clara na terra foi-lhe outorgado o Privilegio da mais alta pobreza; ... Suas obras fúlgidas fazem resplandecer esta Clara aqui na terra...! Clara já antes da conversão, mais clara ainda na conversão, preclara na conversação... Em Clara o mundo de hoje tem a sua frente um claro espelho de exemplo...”BCCL 2-7.
 “Seria talvez melhor nem falar das mortificações da carne em Santa Clara. É que praticava tais mortificações que o leitor menos avisado poderá até duvidar da veracidade de tais fatos. Não é de estranhar que ela usasse uma simples túnica e um manto áspero, mais para cobrir do que para proteger do frio o delicado corpo. Nem é para admirar que desconhecesse por completo o uso de calçado. Assim como não eram para ela grande coisa os prolongados jejuns e o colchão duro que sempre usava.
Dir-se-ia que em tudo isto não haveria que dar-lhe particulares elogios, uma vez que em todas estas práticas era acompanhada por outras irmãs.
Mas que dizer do vestido de pele de porco que trazia sobre o seu corpo virginal? Com efeito, a santíssima virgem mandou fazer um vestido de pele de porco que usava secretamente debaixo da túnica com as cerdas viradas para dentro a mortificar-lhe o corpo. Algumas vezes usava um cilício de crinas de cavalo que apertava com força. Um dia emprestou esse cilício a uma irmã que lho pedira. A irmã não lhe suportou a aspereza por muito tempo. Se com alegria lho pedira, com muito mais alegria lho devolveu, passados três dias.
A terra nua, não raras vezes coberta de vides secas, servia-lhe frequentemente de leito e, por almofada, usava um tosco pedaço de madeira. Com o andar do tempo e sentindo o corpo cada vez mais débil, estendia uma esteira no chão e apoiava a cabeça num pouco de palha”. LSC 17.
Enfim, Francisco e Clara, depois de oito séculos de história, continuam a fascinar pela relevante simplicidade e pelo humilde radicalismo com que, juntos, abraçaram o Evangelho, a Cristo.

Irmãs Franciscanas

Perdão de Assis

Festa do perdão de Assis
“Quero mandar-vos todos para o céu. Anuncio-vos a indulgência que recebi da boca do sumo pontífice: todos vós que hoje vindes e todos aqueles que virão cada ano, neste dia, com um coração bom e contrito, obterão a indulgência de todos os seus pecados”  Francisco de Assis.

Dia 02 de agosto, toda a Família Franciscana celebra-se a grande Festa do Perdão de Assis, a festa da Nossa Senhora dos Anjos, obtida por nós pelo nosso pai Francisco, celebrada na Igrejinha de Porciúncula, uma das Igrejas reconstruídas por nosso pai Francisco. A igrejinha é situada dentro da grande basílica de Santa Maria dos Anjos.
A sua amada Porciúncula, único lugar onde Francisco recomendou aos seus frades de nunca saíram e se alguém mandasse embora pela porta ele recomendou de reentrar pelas janelas! Foi o primeiro beneficio que  Francisco ganhou-a do Abade Teobaldo, monge beneditino, e ali se retirou com os seus companheiros, quando foi forçado a abandonar o Tugúrio de Rivotorto. Ali ele escutava continuamente os cantos dos anjos, e em fim ali ele quis passar as suas últimas horas da sua vida.
São Boaventura escreve com bastante emoção: Quando percebeu que, de acordo com o nome da igreja, que desde antigamente se chamava Santa Maria dos Anjos, eram frequentes aí as visitas dos anjos, firmou aí seu pé, pela reverência aos anjos e principalmente pelo amor à Mãe de Cristo. O homem santo amou este lugar mais do que todos os outros do mundo, pois aí começou humildemente, aí cresceu virtuosamente, e aí terminou felizmente, recomendando-o aos frades, quando morreu, como o lugar mais querido pela Virgem(1B II, 8).
E o Celano nos lembra: Dizia muitas vezes a seus irmãos: “Não saiam nunca deste lugar, meus filhos.   Se os puserem para fora por um lado, entrem pelo outro, porque este lugar é verdadeiramente santo e habitação de Deus.  Aqui o Altíssimo nos deu crescimento quando ainda éramos poucos. Aqui iluminou o coração de seus pobres com a luz de sua sabedoria. Aqui incendiou nossas vontades com o fogo do seu amor.  Quem rezar com devoção neste lugar conseguirá o que pedir, e quem o desrespeitar será mais gravemente punido. Por isso, filhos, tenham todo o respeito para com o lugar onde Deus mora, e louvem aqui o Senhor com todo o seu coração, entre gritos de júbilo e de louvor
A carta do Bispo Teobaldo:
“Irmão Teobaldo, por graça de Deus, Bispo de Assis, aos fiéis cristãos que lerem esta carta, saúde no Salvador de todos...
Por causa de alguns faladores que, impelidos pela inveja, ou talvez pela ignorância, impugnam desaforadamente a indulgência de Santa Maria dos Anjos, situada perto de Assis, somos obrigados a fazer esta comunicação a todos os fiéis cristãos. Através da presente carta, queremos comunicar o modo e a forma desse benefício e como o bem-aventurado Francisco, enquanto estava vivo, o impetrou ao senhor papa Honório.
Morando, o bem-aventurado Francisco, junto à Santa Maria dos Anjos da Porciúncula, o Senhor, durante a noite, lhe revelou que se dirigisse ao sumo Pontífice, o senhor Honório, que temporariamente se encontrava em Perugia. A finalidade era impetrar-lhe a indulgência para a mesma igreja de Santa Maria da Porciúncula, há pouco restaurada por ele mesmo.